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Lembro-me, mãe. Éramos tantos filhos, tantas roupas...
- A maior parte das vezes
eu só fingia que costurava.
- Fingia? Fingia para quê?
- Os homens não gostam
que as mulheres pensem em silêncio. Ficam desconfiados...
- Assim, enquanto eu
costurava, o seu pai não suspeitava que eu pensava... Os meus pensamentos
viajavam por todo o lado... Nesses escassos momentos, eu, Constança, era mulher
sem ter que pedir licença, existindo sem ter que pedir perdão."
Mia Couto, in 𝘖
𝘰𝘶𝘵𝘳𝘰 𝘱é 𝘥𝘢 𝘴𝘦𝘳𝘦𝘪𝘢
Imagem de Alexey Mikhailovich Gritsay (Rússia, 1914-1998)
Ainda muitas mulheres se calam....fingindo costurar seus retalhos da vida. Gosto
muito de Mia. Espero que também gostem.
Deixo abraço e brisas doces para quem
passar ***
maria loBos
20 comentários:
Para profunda reflexão
Cumprimentos poéticos
Amo o Mia!
É sempre tão assertivo no que escreve, e sim, as mulheres tinham de disfarçar muita coisa.
Será diferente, hoje. Desejo que seja.
Abraço, lobinha de olho azul.
Lindíssimo retalho, amiga!
Quantas mulheres, ainda hoje, nem pensar 'podem'!... sob escrutínio sempre. E, por vezes, pessoas tão insuspeitas.
Gostei muito de receber as tuas visitas. Muito grata, linda!
Tudo de bom para ti e para os teus mais que tudo.
Abracinho.
Maravilha de texto de Mia! E que triste ter que fingir costurar para poder com seus pensamentos estar...
beijos, tudo de bom,chica
Excelente escolha, adoro os textos de Mia Couto.
No passado, foram muitas as mulheres que tinham de esconder os seus pensamentos e maneira de pensar. Hoje embora tudo tenha mudado e a mentalidade seja outra, infelizmente acredito que ainda existam mulheres que continuam a não poder expressar-se livremente.
Bom fim de semana
Beijinhos
Boa Noite de paz, querida amiga!
Encontrei seu comentário no blog da Chica... Vi que temos amigas em comum.
Gostei muito do post e não conhecia o texto de revelação do empoderamento da mulher que não é sem tempo, embora muitas se sujeitem por medo de começarem a manifestar que a cabeça funciona e não só os trabalhos do lar que nunca cessam, mesmo sendo agradáveis e necessários.
Gostei sim e muito.
Tenha uma noite abençoada!
Beijinhos com carinho fraterno
São palavras de Fernando Sabino,
aquelas, meu amigo.
Um bom fim de semana para você
e muito obrigado pela visita.
Revejo Mulheres que costuraram e mantiveram a atitude digna de serem Mulheres de verdade.
Já não encontramos máquinas de costura no seu matraqueador tictac a acompanhar pensamentos que (já) escasseiam em muitas cabeças...infelizmente.
Excelente escolha, do texto de Mia Couto.
Parabéns.
Beijo
SOL da Esteva
Conhecendo, gostando e ficando, aqui neste teu belo espaço da Web.
“O suficiente é para quem não ama!” (Mia Couto) — Esta e outras frases, você encontra no ®DOUG BLOG.
Abraços e bom final de semana!!!
Pelo menos vejo-te aqui.
Saudades.
Que bom ,ler as tuas escolhas.
Vale sempre a pena refletir sobre o que a ação descrita tem de perturbador.
Quem conhece Mia Couto sabe que é um escritor de primeira água.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
Mia Couto sempre fantástico e conhecedor da psicologia feminina. Ainda é assim tantas vezes, minha Amiga, é verdade.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Bom dia tudo belo bjs
É verdade, a independência das mulheres está longe de ser conseguida. E não falo do Afeganistão, mesmo nos países ocidentais ainda há caminho a percorrer.
Continuação de boa semana, querida amiga Maria Lobos.
Beijos.
Belíssima partilha, Maria! Um texto comovente... e para mais no actual contexto, em que há mulheres que se anulam, em nome de ideologias extremistas... quase lhes sendo apenas permitido respirar... e baixinho... para nem serem ouvidas, como consta de tal radicalismo...
Adoro Mia, e a sua escrita sempre tão cheia de sensibilidade!
Um beijinho grande! Votos de um excelente fim de semana, para si e todos os seus!
Ana
Votos de uma feliz semana, e desde já um excelente mês de Setembro, com saúde e tranquilidade!
Beijinhos! Tudo de bom!
Ana
Pois tenha a certeza de que eu
adorei. Portanto não finja.
Pense. Abra o peito, respire
fundo e saia. Saia e só volte
quando a noite cair. Isso se
não te acordares antes, claro.
Beijos e beijos, muitos.
As mulheres de Mia são sempre intensas, porém sábias, já que na sua submissão "aparente", sabem também ser livres em silêncio e em segredo. A Constança Malunga é exemplo disso.
Gosto muito de Mia Couto - retrata-nos o Moçambique real e cru, mas também o sonho por trás da realidade. Muito bem escolhida a foto, por vários motivos! Beijinho.
Olá, querida Maria, quanta sensibilidade de Mia Couto, que belíssimo poema desvendando
a alma da mulher!
E ainda existe muito isso, amiga, quanto sofrimento em silêncio!
Uma feliz semana, uma partilha maravilhosa.
Um beijinho, paz e saúde!
(não sei se estão entrando os comentários, eles muitos ficam no Span!)
E temos de ir costurando os nossos retalhinhos, sempre. E bem pensando.
Muita força para ti, com pensamentos sempre positivos!
Muito grata pela confiança e amizade.
Abracinho e beijinhos e tudo de muito bom te desejo!
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