quarta-feira, 30 de julho de 2025

Tenho medo

Apavora-me o silêncio das palavras

que começam a ser esmagadas na garganta,

onde fenece o vermelho da liberdade.

Arrepia-me o frio e a ferrugem das correntes,

que tendem a enlaçar o corpo, 

tolhendo a alma em searas secas de esperança.

Assusta-me a escuridão, que envolve a verdade

e que cresce dia a dia para roubar o brilho dos dias desejados.

E  ganha o ódio, a ganância, a miséria,

que fortalece o espectro do passado,  

para vir roubar a vontade, os sonhos,

daqueles que  ainda conseguem acreditar

que os homens, podem o mundo mudar.

Será que são as trevas que vão ganhar ?

(Tenho medo)

Abraço e brisas doces

maria loBos*


24 comentários:

Majo Dutra disse...

Também tenho...
Excelente, Poetisa amiga.
Um grande abraço afetuoso.
~~~

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Maria Lobos!
Seu medo é o nosso.
"Assusta-me a escuridão, que envolve a verdade
e que cresce dia a dia para roubar o brilho dos dias desejados."
Está mais nitido o que seus versos dizem, casa vez mais.
De fato, dá medo sim no que o mundo se transforma.
Oxalá venha a Paz tão sonhada para a humanidade assombrada.
Esteja bem!
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos de paz e bem

Eros de Passagem disse...

Também tenho medo que essas verdades invadam nossa consciência quando já não possamos mudar o mundo. Ainda há tempo para que "se mudem as vontades com as mudanças do tempo".
Com a minha admiração sempre.
Poema que eu assinaria!
Abraços, Maria

chica disse...

Muito cheio de tua sensibilidade e creio todos temos um pouco desses medos! Lindo! beijos, chica

São disse...

Subscrevo este texto tão sentido...

Abraço, feliz Agosto!

" R y k @ r d o " disse...

Quem na vida não tem medo?
Lindo poema.
.
Deixo saudações poéticas
..
“” Se eu soubesse cantar ““
.

Au Fil de la Plume disse...

🪶 Olá, que esta tarde se abre em paz profunda,
🌾 Como um sopro sagrado que o silêncio inunda.
🌾 Que o espírito em você se eleve, livre e radiante,
🌾 Levado pela sabedoria de um precioso sussurro.
🌾 Que cada momento te ofereça uma centelha divina,
🌾 Na dança do céu onde a luz caminha.
🌾 E que seu coração pacífico, além dos discursos,
🌾 Respira o invisível que transcende os dias.
🌾 Boa tarde, que o céu te rodeie de harmonia,
🌾 E que a alma em você celebra o seu próprio infinito.
📜 Beijos💋🅁🄴🄶🄸🅂 🐾⛱♡

Fá menor disse...

É bom exteriorizar esse medo, um modo de o exorcizar.
Por vezes temos medo, mas temos de o vencer. O medo tolhe-nos e não é isso que queremos.
Que o medo dê lugar à esperança!

Beijinhos, amiga. Tudo de bom!

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Boa tarde
Um poema que nos envolve com a força crua do medo e da lucidez.
A voz poética ecoa com inquietação e coragem, ao denunciar a sombra que ameaça calar palavras, prender corpos e secar esperanças.
Bela e tocante reflexão sobre o nosso tempo onde, apesar das trevas, ainda resiste a centelha da crença num mundo melhor.
Que nunca nos falte essa coragem de continuar a acreditar.
Que a esperança nos acompanhe, mas também confesso que sinto medo (muito).
Deixo um beijo
:)

Graça Pires disse...

Um poema profundo onde me consigo encontrar também.
Obrigada pelo carinho das palavras que me deixou.
Brisas doces, minha Amiga.
Tudo de bom.
Um beijo.

A Casa Madeira disse...

Poema envolto de lucidez, com certeza o medo trava.
Obrigada pela visita e tenhas uma boa entrada de mês de agosto.
janice.

lis disse...

Medo é uma emoção básica e um mecanismo de defesa contra o improvável ou ameaças percebidas. Todos temos, menos ou mais. As palavras não ditas também causam medo,Maria e essas precisamos enfrentar. Grande abraço, querida amiga .

brancas nuvens negras disse...

Apreciei o seu poema. Estes tempos assustam mas convocam-nos à resistência.
Um abraço.

Mário Margaride disse...

Olá, amiga!
Poema profundo e sentido. Onde a descrença parece querer agarrar a lucidez do ser humano. Que a esperança de um mundo melhor esteja sempre dentro de nós.

Muito obrigado, pela gentil presença nos meus cantinhos

Deixo os votos de um bom fim de semana, com tudo de bom.
Beijinhos!

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, Maria, sim, também tenho vários medos,
e medo, é sempre um aviso para ficarmos alertas,
para pensarmos e logo retroceder, conforme a situação.
Porém, há medos que precisamos enfrentar , então, avante,
enfrentaremos, com mais coragem.
Beijo, querida, sempre obrigada pela sua querida presença.

SOL da Esteva disse...

"[...]Assusta-me a escuridão, que envolve a verdade
e que cresce dia a dia para roubar o brilho dos dias desejados.[...]"
Parece que o medo nos tolhe a Alma e nos paraliza a vontade.
Este teu magnífico Poema, Maria, é o grito que teima em não nos sair por voz.
Parabéns, Amiga.

Beijo,
SOL da Esteva

Olinda Melo disse...

Olá, querida Maria
Adorei cada uma das suas palavras em que expressa esse sentimento que nos tolhe os movimentos. Os físicos e outros mais profundos, que vêm embaciar a nossa vontade de realizar os nossos sonhos.
Desejo-lhe dias abençoados.
Beijinhos
Olinda

Catiahô do Espelhando disse...

Maria,
Lindo seus versos e que
me levam há um tempo quando
eu trabalhava como Diretoria Artistica
em Teatro e decidi montar uma poesia
sobre o medo. Se não se importar
vou deixa-lo aqui no final de meu
comentário. Obrigada por tão
lindos momentos lendo aqui.
Bjins de ótimo fim se semana
e de um agosto suave.
CatiahôAlc.
Poema de Carlos Drummond Andrade
"Em verdade temos medo.

Nascemos escuro.
As existências são poucas:
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.

E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
vadeamos.

Somos apenas uns homens
e a natureza traiu-nos.
Há as árvores, as fábricas,
Doenças galopantes, fomes.

Refugiamo-nos no amor,
este célebre sentimento,
e o amor faltou: chovia,
ventava, fazia frio em São Paulo.

Fazia frio em São Paulo…
Nevava.
O medo, com sua capa,
nos dissimula e nos berça.

Fiquei com medo de ti,
meu companheiro moreno,
De nós, de vós: e de tudo.
Estou com medo da honra.

Assim nos criam burgueses,
Nosso caminho: traçado.
Por que morrer em conjunto?
E se todos nós vivêssemos?

Vem, harmonia do medo,
vem, ó terror das estradas,
susto na noite, receio
de águas poluídas. Muletas

do homem só. Ajudai-nos,
lentos poderes do láudano.
Até a canção medrosa
se parte, se transe e cala-se.

Faremos casas de medo,
duros tijolos de medo,
medrosos caules, repuxos,
ruas só de medo e calma.

E com asas de prudência,
com resplendores covardes,
atingiremos o cimo
de nossa cauta subida.

O medo, com sua física,
tanto produz: carcereiros,
edifícios, escritores,
este poema; outras vidas.

Tenhamos o maior pavor,
Os mais velhos compreendem.
O medo cristalizou-os.
Estátuas sábias, adeus.

Adeus: vamos para a frente,
recuando de olhos acesos.
Nossos filhos tão felizes…
Fiéis herdeiros do medo,

eles povoam a cidade.
Depois da cidade, o mundo.
Depois do mundo, as estrelas,
dançando o baile do medo.

Carlos Drummond de Andrade

Jaime Portela disse...

São tantas as razões que existem para ter medo...
Excelente poema, gostei muito.
Boa semana.
Um abraço e brisas frescas...

Flávio Cruz disse...

Tudo isto me assusta também, Maria; mas, enquanto alguns de nós forem capazes de pensar e escrever assim, creio que exista esperança para o mundo! Parabéns, meu abraço; boa semana.

Olavo Marques disse...

Olá Maria! Que poema magnífico! Percebi perfeitamente esse medo que, no fundo, também é de muitos de nós. É um grito contido, mas firme… e necessário. Ainda há quem acredite! 😊

Abraço e brisas doces! 🤗

lis disse...

Passando para desejar um bom domingo e uma semana feliz
Que lembremos sempre que o Senhor é quem nos guarda e não há temor algum nem medo. Beijinhos, amiga Fica bem !

Juvenal Nunes disse...

Algo está errado, quando há uma liberdade com trevas.
Todos serão poucos para reverterem a situação, mas a esperança subsiste.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes

Au Fil de la Plume disse...

🪶Bonjour Maria, en ce jour radieux qui pare l’horizon,
Je salue ton passage comme un doux diapason,
Que tes heures s’illuminent d’éclats de lumière,
Que la paix t’accompagne en subtile poussière,
Que chaque instant s’élève en joyau précieux,
Et que ton âme danse sous l’azur des cieux.
Bise, Régis.