terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Poema



Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada


alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
eu partisse a fumar
o fumo fosse para se ler


alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direcção dos rios


alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar




António José Forte



(imagem tirada do google)

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