domingo, 6 de novembro de 2022

Sou de Vidro



Meus amigos sou de vidro 
Sou de vidro escurecido 
Encubro a luz que me habita 
Não por ser feia ou bonita 
Mas por ter assim nascido 
Sou de vidro escurecido 
Mas por ter assim nascido 
Não me atinjam não me toquem 
Meus amigos sou de vidro 

Sou de vidro escurecido 
Tenho fumo por vestido 
E um cinto de escuridão 
Mas trago a transparência 
Envolvida no que digo 
Meus amigos sou de vidro 
Por isso não me maltratem 
Não me quebrem não me partam 
Sou de vidro escurecido 

Tenho fumo por vestido 
Mas por assim ter nascido 
Não por ser feia ou bonita 
Envolvida no que digo 
Encubro a luz que me habita. 

Lídia Jorge

**

Um dos motivos que me faz teimar em continuar por aqui, é umas vezes o prazer, outras a surpresa ou o bem querer de entrar na casa de cada um de vós.
Gosto que as vossas palavras me aconcheguem ou me despertem para outras realidades e sentires.
E quando chego e vejo excelentes escritores, muitas vezes esquecidos, acho sempre que vale a pena andar por aqui.
Foi o que aconteceu quando estive no blog da Emília Pinto.
Encontrei um poema belíssimo que não conhecia da nossa escritora Lídia e lembrei-me de um outro dela que já li faz algum tempo e que mais recentemente ouvi na voz da Mísia.
Espero que gostem.

Brisas doces**
maria loBos

39 comentários:

chica disse...

linda essa poesia e nela um grande pedido aos amigos! Gostei muito!
Eu também gosto muito de ler nossa amiga Emília Pinto.

Que tenhas uma lindo domingo, ótima semana! beijo0s, chica

- R y k @ r d o - disse...

Publicação poética brilhante
.
Um domingo feliz. Cumprimentos poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Caderrno de San disse...

Também trago Maria um poema de Lídia Jorge. [
Faremos, quem sabe, uma pequena antologia com as nossas escolhas:

Cai a Chuva no Portal

Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa cortina
Não a corras, não a rasgues, está caindo
Fina chuva no portal da nossa vida.
Gotas caem separando-nos do mundo
Para vivermos em paz a nossa vida.

Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa toalha
Ela nos cobre, não a rasgues, está caindo
Chuva fina no portal da nossa casa.
Por um dia todos longe e nós dormindo
Lado a lado, como páginas dum livro.

Lídia Jorge, (Inédito)
Beijo, minha amiga!

Fá menor disse...

Muito lindo poema, na verdade! Revi-me um pouco nele. Somos tantas vezes de vidro quando alguém, sem cuidado, nos faz estilhaçar, e outras vezes somos nós a tropeçar e trás....

Beijinhos, amiga! Boa semana!

lis disse...

Um poema para refletir _ somos um pouco assim(não sempre),mas acontece
da autoestima cair e sentimo-nos espelhos quebrados ou nos vemos através dele,
esfumaçados. Interessante a inspiração no poema da poeta Lídia Jorge.
E obrigada por voltar sempre, um prazer vir ver você.
Boa semana com abraços.

Jaime Portela disse...

Gostei do poema que escolheu, é excelente.
De uma grande escritora.
E também gostei de ver que continua por aqui.
Boa semana, amiga Maria Lobos.
Beijo.

Graça Pires disse...

Só muito recentemente é que Lídia Jorge começou a escrever poesia. Aprecio bastante os poemas que ela faz, mas sou muito fã dos romances que escreveu.
Obrigada pelos imensos comentários que me deixou.
Tudo de bom para si, minha Amiga.
Uma boa semana.
Um beijo.

P.S. Já há algum tempo enviei-lhe um e-mail. Creio que não o leu. Por certo enviei para o sítio errado.

A.S. disse...

Muito belo este poema da Lídia Jorge.
Ainda bem qua continuas por aqui. Nada é perfeito, mas vale a pena.

Um abraço minha amiga!

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, Maria, conheci essa poeta lá na amiga Emília,
e fui pesquisar sobre ela.
Esse poema também gostei muito, que bom que descobri
mais uma poeta portuguesa.
Obrigada pela linda partilha!
Uma feliz semana pra você e sua família,
paz e alegria!
Obrigada, querida, pelas leituras no Porto das Crônicas,
gosto muito de receber você por lá, Maria.
Deixo beijinhos!

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Maria!
Uma belíssima escolha e o poema toca nosso 💙.
Somos de vidro, mas revestidas de aço, digo eu...
Muito obrigada por sentir que vale a pena nos visitar. O mesmo digo quando saio daqui.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos

Sérgio Santos disse...

E nada melhor do que entrar em nossas casas com esse belo texto, né? Bjs e boa semana!

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

GOstei muito e confesso que também não conhecia este poema da Lidia Jorge.
Obrigada pela partilha.
boa semana.
beijinhos
:)

O Árabe disse...

Muito belo, realmente, Maria! Não conhecia a autora, mas adorei o poema! Que aliás, conta uma grande verdade: de vidro escurecido, normalmente, é o poeta! ;) Meu abraço, boa semana!

A Paixão da Isa disse...

muito bonito gostei muito bravo bjs feliz semana saude

tb disse...

Vale sempre a pena, digo eu também.
Gostei muito da tua escolha e das palavrinha, amiga.
Beijo

Adi Mulia disse...

Thank you for nice information. Please visit our web:
www.uhamka.ac.id

adi
adi

São disse...

Já li vários livros de Lídia Jorge, ouvi-a recentemente na "Grande Entrevista" da RTP e estou tencionando ler o seu livro agora publicado ( " Misericórdia"). No entanto, desconhecia esta sua faceta poética . Gostei muito do poema, diga-se.

Desejo-lhe um óptimo resto de semana e deixo-lhe o meu abraço :)

Olinda Melo disse...


Olá, Maria

Não conhecia a poesia de Lídia Jorge, apesar de já ter lido
alguns dos seus livros.
Gostei imenso deste poema, em que conversa com
o leitor, confessando as suas fragilidades e a
sua força.

Muito obrigada por tê-la trazido até nós, assim como a
Emília que publicou um poema dela, como bem refere.

Beijinhos
Olinda

silvioafonso disse...

Seus comentários são maravilhosos.
Não só bem escritos, como de um bom
humor invejável.
Te amo, Maria e obrigado.

Emília Pinto disse...

E, como tu, Maria, também eu não consigo deixar o Começar de Novo; por vezes sinto um desânimo, mas depois lembro do tanto que aprendo com esta troca de informações e de experiências e resolvo continuar. Aqui está mais um belo poema da nossa Lidia Jorge que não conhecia e que me agradou muito. Somos de vidro,mas quando é preciso lutar, uma força enorme nos chega e nada nos quebra, principalmente quando, em jogo está a felicidade de quem amamos; o vidro se transforma em ferro e nada o destrói. Muito obrigada por aludires aqui ao meu cantinho e fico feliz que tenha contribuido, de alguma forma, para continuares entre nós. Sabes, Maria, este blogue que criei há 13 anos, já foi o meu " esteio " num momento muito dificil da minha vida; estava prestes a quebrar, este meu vidro e ele deu-me o suporte que me segurou; não caí, não parti e segui em frente. Enquanto convivemos com os amigos, pesquisamos e lemos o que encontramos, os probelemas são esquecidos, não é verdade? Beijinhos, querida Amiga e saúde para todos vós
Emilia

Juvenal Nunes disse...

Um poema que deixa antever as fragilidades da pessoa humana.
Abraço poético.
Juvenal Nunes

Jaime Portela disse...

Passei para ver as novidades.
Continuação de boa semana, amiga Maria Lobos.
Um beijo.

AC disse...

O despertar de imagens adormecidas que trazemos dentro de nós faz muito bem à alma. E, quase sem nos darmos conta, reajustamos os nossos conceitos.

Um beijinho, Parapeito :)

Fatyma Silva disse...

Maria!
Que belo poema!
Realmente, muitas vezes somos de vidro endurecido, até mesmo para nos protegermos.

Bom fim de semana com saúde e paz.

Beijinhos🌷

Maria Rodrigues disse...

Sentido, profundo e belíssimo poema. Por vezes também me sinto assim, de vidro escurecido.
Uma escolha perfeita.
Beijinhos

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Maria Lobo,
Como bem diz o poema
dessa publicação:
"Somos todos de vidro"
isso em algum momento
de nossa vida.
Eu parecido com você
aprecio visitar essas páginas
que tanto me falam por vezes
de alegrias, por outras apenas
uma janela onde vejo a Esperança
no outro ou em outros e outras.
Fantástica sua publicação bem em
um dia importante para mim.
Bjins e abraço querida.
CatiahoAlc./Reflexod'Alma

Manuel Veiga disse...

A Lidia Jorge +e de Cristal...

Abraço

silvioafonso disse...

.

Quisera eu saber o que seriam
brisas que dás a cada um de nós.
Beijos eu sei, por isso, brisas.

O Árabe disse...

Aproveitei para reler. E continuo achando lindo! Meu abraço, boa semana.

silvioafonso disse...

Olha como fiquei vaidoso depois
daquela espiada pela janela...
(Tem versos que eu não sei se
publico ou não, o que vc me
aconselha?)

CÉU disse...

Não conheço este poema de Lídia Jorge, que pode ter diversas interpretações, em minha opinião.
Todas somos, uma vez ou outra, de vidro e escuro.
Beijos para si e seus netos.

SOL da Esteva disse...

Desconhecia este belo Poema da Lídia Jorge. Ela mostra-se frágil ou forte, transparente ou translúcida, mas sempre a deixar que o sentimento recrie o seu "eu".
Creio que muitos dos que lerem este Poema farão a sua própria reflexão.
Obrigado por esta partilha, Maria.


Beijo
SOL da Esteva

O Árabe disse...

Reli e encantei-me novamente. Meu abraço, amiga; boa semana. Aguardo o próximo post!

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Querida Maria Lobos,
Como Editora e Organizadora
dos livros do Autor em questão,
não possuo exemplares em papel.
Todavia está em andamento
projetos do Livro em formatos
para leitura no celular ou no
computador.
Estou consultando o autor para
saber se é o desejo dele que
eu dê andamento, para atender
a solicitações com a sua,
sei que em papel não há essa
possibilidade no momento pois
as Edições dos 5 livros do autor
encontram-se esgotadas.
Desculpe a demora, mas sua mensagem
estava na caixa de span
do Blog
Grata pelo interesse.
CatiahoAlc.

silvioafonso disse...

Não dá para ser diferente se leio
seus versos, poeta, para mim tão
transparentes quer de dentro pra fora
quer de fora pra dentro da garrafa
ou da gente.
(Lídia Jorge, pós revolução)
Adorei.
Um beijo, Maria. Um beijo.

Mariazita disse...

Bom dia, Maria
O meu blog continua em modo de “pausa” e penso que assim continuará por mais algum tempo.
Os meus planos de mudança de casa sofreram algumas alterações que levaram ao atraso da sua realização. Nem sempre as coisas são tão fáceis como inicialmente parecem, e, como tenho a actual casa “de pernas para o ar”, abrigando familiares que tinham as suas próprias casas… o ambiente e consequente disposição para alimentar o blogue não são os ideais.
Mas não percamos a esperança. Tudo se resolverá a contento, e a normalidade surgirá (não há quem ainda espere pelo regresso de D. Sebastião 😊)
Entretanto… irei aparecendo sempre que possível – para mostrar que não vos esqueci, mas principalmente para que não me esqueçam 😉
Um saudoso abraço e até sempre.
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

O Árabe disse...

Aguardando, amiga, o teu próximo post. Meu abraço, boa semana!

solfirmino disse...

Adorei, sim, querida. Fez-me lembrar um poema meu, em que ponho os versos para se esconder na esfinge. Gosto desse formato.
Um beijinho

Ana Freire disse...

Um poema notável de uma grande autora... que conheço mais através dos seus romances!
Fantástica partilha, Maria, que adorei apreciar e descobrir por aqui! E adorei a dica... sobre um tema de Mísia... uma voz que adoro, e que já não ouvindo há algum tempo... pelo que me aguçou a curiosidade para fazer uma pesquisa, sobre o tema com a letra de Lídia Jorge...
Um beijinho! Continuação de uma óptima semana!
Ana